Nesta triste cidade, há escritores que lembram crianças quando recebem estrelinhas no caderno e as exibem aos coleguinhas como se fossem troféus.
Nada a opor aos infantes, em idade escolar, com suas constelações de estrelinhas.
Mas os infames!...
Os infames adultos, que se apresentam como escritores, mas agem como militares ou desportistas, colecionando troféus, medalhas, certificados, insígnias, condecorações, divisas, galardões, láureas e outros tantos penduricalhos - esses deveriam se enforcar com os cordões das medalhas!
Um concurso literário não significa quase nada, quando não significa nada em absoluto.
Um concurso que cobra inscrição não é um concurso: é um caça-níquel. Um concurso que pede dinheiro para publicar uma antologia com os textos selecionados, em troca de exemplares, não é um concurso: é um caça-tolos. Um concurso que não divulga, a posteriori, o nome dos jurados - ou que tem jurados bisonhos - não é um concurso: é um conventrículo.
E premiação que não acontece pelo sistema blind-review sempre gera questiúnculas sobre suposta "marmelada". Por exemplo:
"Eu escrevo sonetos-netos-netos
com versos decassílabos e rimados.
Eu uso o mesmo tema, sempre azado,
pra escrever meus sonetos-netos-netos.
Mais do mesmo eu escrevo..."
(Assinado: Joanim Farofa, amigo dos jurados)
Literatura é exercício, ensaio, reflexão e leitura, e não adversários, competições, medalhas etc.
Nesta triste cidade, muitas vezes, um caderno escolar com estrelinhas tem mais valor literário que um livro premiado na estante.
Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Infames Infantes
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