Hoje, trazemos a público a entrevista com o luminoso ator Otávio Rodrigues, que interpretou o protagonista Debulhador Maneta e o Ensacador de Milho, na saga do polentariado contra a naneditadura da Terra da Cocanha.
1. Qual foi sua primeira impressão ao entrar em contato com
o texto escrito de “A revolta do Moinho”?
Senti uma méscola entre euforia e indignação. Por conhecer
as características do diretor Cristian, sabia que a escolha do texto seria, no
mínimo, intrigante. E não foi diferente. Ao ler as primeiras páginas, de cara
pensei em um texto dramático e complexo por sua linguagem. No decorrer da
leitura, risadas soltas me fizeram notar que se tratava de uma tragédia que
caminhava entre a comédia e a revolta, mas que fazia isso de uma maneira única.
Deu até vontade de saborear uma polenta!
2. Como foi lidar com a linguagem do texto, tendo em vista
que, para a atuação, é necessário decorar as falas das personagens?
Foi bastante desafiador, já que desde o início
buscávamos ser o mais fiel possível ao texto. Levamos alguns encontros até
realmente entendermos a linguagem que a peça falava, para que pudéssemos atuar
em cima dela. Os trocadilhos, como “o caruncho é o lobo do milho”, são de
extrema importância para o contexto de cada ato, tal qual os termos regionais e
seus significados. Foi preciso entender a fundo o que cada situação nos
contava, para que pudéssemos dar a cara a tapa em cena.
3. Da grande quantidade de personagens do livro, quais você
interpretou?
Desta pujante Revolta, interpretei o Ensacador de Milho no
primeiro ato, e o herói Maneta durante sua jornada ao castelo do Imperador Dom
Napolentão.
4. Qual tem sido, na sua opinião, a reação do público em
relação ao conteúdo da peça?
Ao
conversar com algumas pessoas após a estreia, notei que, em sua maioria, elas
trataram A Revolta como um instrumento de reflexão ao momento que vivemos
atualmente. Muitos se viram em meio a estas ruínas, debulhando carunchos
diariamente em troca de uma espiga de milho. E talvez seja por isso que tenham
admirado o trabalho, por sentirem que suas revoltas podem ser contadas de
maneira trágica e cômica, e que no final o homem sempre será o lobo do homem.
"Otávio Rodrigues em trajes de múmia esparadrapa"
Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Da redação do Observatório Colonial, 4º andar
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