domingo, 25 de março de 2018

SOBRE ESTRELINHAS NO CADERNO

Nesta triste cidade, há escritores que lembram crianças quando recebem estrelinhas no caderno e as exibem aos coleguinhas como se fossem troféus.

Nada a opor aos infantes, em idade escolar, com suas constelações de estrelinhas.

Mas os infames!...

Os infames adultos, que se apresentam como escritores, mas agem como militares ou desportistas, colecionando troféus, medalhas, certificados, insígnias, condecorações, divisas, galardões, láureas e outros tantos penduricalhos - esses deveriam se enforcar com os cordões das medalhas! 

Um concurso literário não significa quase nada, quando não significa nada em absoluto. 

Um concurso que cobra inscrição não é um concurso: é um caça-níquel. Um concurso que pede dinheiro para publicar uma antologia com os textos selecionados, em troca de exemplares, não é um concurso: é um caça-tolos. Um concurso que não divulga, a posteriori, o nome dos jurados - ou que tem jurados bisonhos - não é um concurso: é um conventrículo. 

E premiação que não acontece pelo sistema blind-review sempre gera questiúnculas sobre suposta "marmelada". Por exemplo:

"Eu escrevo sonetos-netos-netos
com versos decassílabos e rimados.
Eu uso o mesmo tema, sempre azado,
pra escrever meus sonetos-netos-netos.

Mais do mesmo eu escrevo..."
                           (Assinado: Joanim Farofa, amigo dos jurados)
               
Literatura é exercício, ensaio, reflexão e leitura, e não adversários, competições, medalhas etc. 

Nesta triste cidade, muitas vezes, um caderno escolar com estrelinhas tem mais valor literário que um livro premiado na estante.

Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Infames Infantes

sexta-feira, 23 de março de 2018

OS GATOS SÃO SÁBIOS


Chegou o tempo em que não se consegue mais dizer em relação a alguns escritores: “Meu deus, que livro bom!”

Vítimas da ansiedade do nosso tempo, escrevem como quem sofre de disenteria crônica. Expelem não um, mas dois, três, quatro livros por ano!

Onde já se viu isso?! Quá perto nós, bem perto. Entre nós.

E não são obras essenciais. Geralmente, não são mais do que mais do mesmo... Mesmo!

Ora, a gente bem que se esforça para acompanhar a evolução da doença desses autores. Mas não há bolso nem saúde mental que aguentem.

Onde está o texto essencial? Onde está a obra necessária?

Deus queira que um autor com disenteria crônica não contraia, simultaneamente, uma virose crônica: além da diarreia, teríamos a flatulência, o catarro, o suor noturno e o vômito. Intermitentes! Aí sim, o caos completo para os leitores e a morte certa para o escritor.

Haja olina e elixir paregórico! Haja soro e papel higiênico!

O que devia encher de júbilo o ego de um escritor é a qualidade e não a quantidade de obras publicadas. Lemos aqui numa orelha suja: “Fulano de Tal nasceu em 1980 e é autor de mais de trinta livros de contos, poesias e romances”. Oi? Mais de trinta obras sem apreciação, sem circulação, sem reconhecimento das instâncias superiores e inferiores da crítica literária. Mais de trinta livros natimortos, sem autópsia, desovados na garagem de casa ou enterrados clandestinamente num terreno baldio do sistema literário.

Temos, aqui no Observatório  Colonial, um gato. Prudentíssimo, ele jamais deixa suas fezes expostas. Enterra-as, com a delicadeza da espécie, para que o mau cheiro não conspurque o nosso ar e não atraia moscas ou predadores.

Os gatos são sábios.

Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Da redação

domingo, 18 de março de 2018

ADVERTÊNCIAS NECESSÁRIAS

Autor e leitor, entendamo-nos!

Antes que alguém ligue para o bispo, para o prefeito, para o corpo de bombeiros ou para um assassino de aluguel, deixemos claro o seguinte:
1. Este blogue torna-se imperativo pelo fato de nesta cidade não existir crítica literária que ponha pingos no is e hífenes nas mesóclises. 
2. Este blogue não pautará suas opiniões e escolhas com base em caprichos pessoais. Capricho é uma revista de mi-mi-mi criada pela Abril, em 1956 e, graças a deus, já fora de circulação.
3. Este blogue avaliará obras e não pessoas e autores. Interessa apenas a coesão da fatura do texto e não a fatura da coesão da pessoa atrás do autor do texto.
4. Este blogue é anônimo, para que se evitem ofensas pessoais aos Infames Infantes, quando nas suas atividades ordinárias.
5. Este blogue não aceita originais para avaliação.
6. Este blogue não deve nada a ninguém, não depende de favores, nem aceita presentes, dinheiro ou elogios.
7. Este blogue não reconhece assinaturas, porque não é cartório.
8. Este blogue repudia tudo o que fere o bom-senso e os sinônimos da palavra sensatez.
9. Este blogue é de responsabilidade dos seus idealizadores e não aceita resenhas de terceiros.

Na expectativa do entendimento mútuo,

Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Redatores-mor


sábado, 17 de março de 2018

ABRINDO OS TRABALHOS

Os autores que nos aturem, e os leitores que nos perdoem. Mas é imperioso que alguém comente a literatura publicada em caxias do sul neste século suicida. Alguém que coloque pingos nos is e vírgulas nas frases. 

Assim como as coisas andam, em breve teremos mais autores que leitores, pois há muitos que não leem nem mesmo os seus originais. Tratam o texto como uma cagada: levantam do vaso, fecham a tampa e dão a descarga sem examinar as fezes. O leitor que engula!

Triste cidade do sul, da fé, do trabalho e da erudição! 

Os escritores são poucos; os evacuadores, muitos.

A impressão que temos é a de que um vírus se alojou em todas as almas ingênuas e parvas desta cidade. Um vírus engendrado pelos concursos literários e financiamentos públicos de livros. Um surto de diarreia, que se transformou em epidemia e que já caminha para uma pandemia irreversível!

Chamem-nos como quiserem... Denunciem-nos... Insultem-nos... Excomunguem-nos...  




Nós somos os Infames Infantes da crítica literária de caxias do sul, da fé, do diabo-a-quatro!

Joanim Farofa & Pepe Caruncho

Redatores-chefes


JOANIM PEPPERONI ENTREVISTA JOANIM PEPPERONI

Prestes a publicar o meu quarto livro neste sinistro ano de 2020, dirigi-me bem cedo até a Sala de Prensas do Observatório Colonial para...