Chegou o tempo em que não
se consegue mais dizer em relação a alguns escritores: “Meu deus, que livro bom!”
Vítimas da ansiedade do nosso tempo, escrevem como
quem sofre de disenteria crônica. Expelem não um, mas dois, três, quatro livros
por ano!
Onde já se viu isso?! Quá perto nós, bem perto. Entre nós.
E não são obras essenciais. Geralmente, não são mais do que mais
do mesmo... Mesmo!
Ora, a gente bem que se esforça para acompanhar a evolução
da doença desses autores. Mas não há bolso nem saúde mental que aguentem.
Onde está o texto essencial? Onde está a obra necessária?
Deus queira que um autor com disenteria crônica não contraia,
simultaneamente, uma virose crônica: além da diarreia, teríamos a flatulência, o
catarro, o suor noturno e o vômito. Intermitentes! Aí sim, o caos completo para
os leitores e a morte certa para o escritor.
Haja olina e elixir paregórico! Haja soro e papel higiênico!
O que devia encher de júbilo o ego de um escritor é a
qualidade e não a quantidade de obras publicadas. Lemos aqui numa orelha suja: “Fulano
de Tal nasceu em 1980 e é autor de mais de trinta livros de contos, poesias e
romances”. Oi? Mais de trinta obras sem apreciação, sem circulação, sem
reconhecimento das instâncias superiores e inferiores da crítica literária.
Mais de trinta livros natimortos, sem autópsia, desovados na garagem de casa ou
enterrados clandestinamente num terreno baldio do sistema literário.
Temos, aqui no Observatório Colonial, um gato. Prudentíssimo, ele jamais
deixa suas fezes expostas. Enterra-as, com a delicadeza da espécie, para que o
mau cheiro não conspurque o nosso ar e não atraia moscas ou predadores.
Os gatos são sábios.
Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Da redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário