sexta-feira, 10 de julho de 2020

JOANIM PEPPERONI ENTREVISTA JOANIM PEPPERONI



Prestes a publicar o meu quarto livro neste sinistro ano de 2020, dirigi-me bem cedo até a Sala de Prensas do Observatório Colonial para conceder uma entrevista aos meus sobrinhos e críticos literários Joanim Farofa e Peppe Caruncho. Mesmo com o encontro agendado, não os encontrei. Um bilhete colado na porta do frigider dizia: “Saímos para pegar coronga”.

Em vista da importância do arremesso de hoje para as letras cocanhesas, decidi quebrar a tradição da produção de embutidos e conceder uma entrevista inédita para mim mesmo. Foi uma conversa longa, com divergência nos pontos de vista - e muito esquisita... O resultado vocês podem conferir a seguir.

Joanim Pepperoni: Este é o quarto livro que eu arremesso contra o público em menos de seis meses. O que explica a minha repentina produtividade? Trata-se de algum surto monomaníaco?

Joanim Pepperoni: Veja bem, você está em isolamento social desde o começo do mês de março e em isolamento térmico desde meados de junho. Você já bebeu todo o estoque de vinho, já queimou toda a lenha seca guardada para o inverno, já releu pela quinta vez os livros-caixa dos antigos empreendedores paphlagônicos... O que lhe restou, senão escrever? Queriam que você fosse lamber o corrimão do Poston 24 horas, testar a eficiência da cloroquina ou verificar o funcionamento dos respiradores comprados de uma vinícola?

Joanim Pepperoni: Tenho observado um certo recato da crítica literária para com a minha obra. A minha Cocanha é menor, por exemplo, que a de autores como Dante Aligator, Francesco Bacon e Uiliz Shakespeare. Como eu explico esse terceiro lugar no pódio?

Joanim Pepperoni: Olha, você não tem que se preocupar com a crítica literária numa terra em que pregos tortos e enferrujados valem mais do que os produtos do espírito. Mas, se você tivesse que explicar esse baixo desempenho na boca alheia, teria que considerar três aspectos fundamentais: escrever muito mal, ter mais inimigos do que amigos e escrever muito bem. No primeiro caso, a crítica jamais ergueria o pé para chutar um cachorro morto no acostamento; no segundo, as afinidades eletivas rendem mais atenções e elogios do que as não eletivas; e no terceiro, o excelente desempenho no manejo das palavras pode provocar a inveja que silencia ou a burrice que melindra. No seu caso, descarte o primeiro aspecto e considere, simultaneamente, os outros dois. Tenha em mente que você coleciona mais inimigos do que amigos. Os que se dizem ser amigos, são meros puxa-sacos que lhe enviam emojis, gifs e emoticons infantilizados. Já os inimigos, porque morrem de inveja da sua genialidade, evitam qualquer ataque, de modo a impedir que você ganhe espaço na primeira página dos tabloides, onde eles já figuram há séculos, em razão de laços sanguíneos e familiares. Ademais, meu espelhado amigo, confesse que você age como porco em plantação de mandioca alheia... Meu conselho é que você fuce, mesmo que não tenha uma atitude responsiva ativa da crítica literária atual. E não tome como arrogância o que vou lhe dizer: a sua obra é um legado para as gerações futuras. Por isso, não tenha medo de dar pancadas, já que é de pequenino que se entorta o pepino.

Joanim Pepperoni: Na obra Chapeuzinho de palha, arremessada na semana passada, eu iniciei uma nova fase da minha produção, que é a adaptação de clássicos da literatura mundial ao ethos da Terra da Cocanha. Por que fiz essa guinada e para onde ela vai me levar?

Joanim Pepperoni: Veja bem, compagno: mesmo que você faça planos para comprar um relógio de fundo verde, não significa que você conseguirá comprá-lo... E eu não penso que você tenha feito uma guinada. Está apenas seguindo o fluxo natural do processo criativo. A ideia do Chapeuzinho de Palha caiu no seu colo, como a maçã na cabeça do Isaque. Só que no seu caso, caíram também alguns pães de milho, perdizes assadas e um pote de sagu com creme de leite – claro, com a diferença apenas de que o cientista gringoglês mudou o rumo da Física. Já você...

Joanim Pepperoni: O que o leitor pode esperar do meu novo livro, Nane Tamanca & os quarenta empreendedores, com arremesso previsto para hoje, às 18 horas?

Joanim Pepperoni: Ora, o seu leitor só pode esperar o que há no livro, ou seja, aquilo que nele coube em 46 páginas: capa, ficha catalográfica, três prefácios, um enredo com 8 capítulos e mais alguns elementos paratextuais (os quais per se já valem um Prêmio ARIgó). Mas não se deixe iludir: ninguém dirá nada sobre o seu livro. Quem o ler, le-lo-á furtivamente e, se o rótulo de Tamanca ou Chinello “empreendedor” lhe servir, agirá como quem se cagou numa festa e não sabe o que fazer, nem para onde ir...


Por Joanim Pepperoni, PhD, e Joanim Pepperoni, PhD
Da redação

domingo, 19 de abril de 2020

"QUA MANDETTA MI": ENTREVISTA COM O DEFUNTO-AUTOR MESSIAS BOTNARO

Em vista do grande sucesso de público e crítica alcançado pela recém-arremessada obra do nosso queridíssimo tio Joanim Pepperoni, PhD (Nane Cainha & Nane Hábil: rimance), resolvemos entrevistar o obscuro autor do prefácio intitulado "Pipocos póstumos de e-milho". 

Também criador do opúsculo Tuítes póstumos de um herói nacional, recentemente disparado pela Alliance for Brazil Press, pouco se sabe da sua biografia, além de que foi presidente do Brazil por duas vezes, morreu de Covid-19, foi comido pelos filhos e desceu às Profundas do Capiroto, onde encontrou o filozeiro Orvalho de Farfalho (conhecido como Tirésias da Modernidade), com quem foi alfabetizado, aprendeu a ler literatura e filosofia, e se tornou escritor.

Sem delongas e embromas, conheçam o alfabeto de A a Z de Messias Botnaro, em verbetes de 140 caracteres de pura prudência e sofisticação, e no melhor estilo da coluna social local.
NA IMAGEM: Messias Botnaro


A de AMÉRICA: Make America Great Again!!! Faça a América grande novamente com Ronald Dump eleito em 2020. I love you, Dump!! #MAGA #Dump2020

B de BOTNARO, tá ok? Brazil e Terra da Cocanha acima de tudo, Eu acima de todos! Com sabedoria, coragem e fé nós venceremos nossos inimigos. 

C de COVID-19, arma biológica fabricada pela Organização Chinesa de Saúde. Pensou na Cucagna? É C de comunista! Vai pra Cuba, vírus chinês!! 

D de DEUS: Departamento Especial Unificado de Segurança, responsável pela nossa vitória na libertação espiritual do cidadão cocanhês de bem. 

E de ESGOTO. Você vê o cara pular em esgoto, mergulha e nada acontece. Acho que muitos foram infectados com coronavírus, mas têm anticorpos. 

F de #ForaPT! O PT destruiu o Brasil! O Lula tava preso, babaca! Vamos fuzilar a petralhada de Polentawood! Ratatatá Ratatatá Ratatatataá!!! 

G de GRIPEZINHA. Joseíta Pítia, minha psicógrafa, não tinha histórico de atleta, por isso veio a óbito. Nossos sentimentos à família, tá ok? 

H de HIDROXICLOROQUINA. Podia ser H de homossexualismo, mas cada vez mais o uso da Cloroquina apresenta eficácia contra o consumo de drogas. 

I de IDEOLOGIAS de gênero nefastas que dividem os brasileiros, destroem nossos valores, tradições e famílias, alicerces da nossa sociedade!! 

J de JOÃO Polenta 8:32: E conhecereis a verdade da sociedade, suas culturas e tendências, e a verdade vos libertará. Carimba na sua testa!!! 

K de KAFTA, Franz, grande escritor amigo meu. Minha ex-editora já publicou um livro dele: O jejuador na colônia penal. Imprecionante! Leiam! 

L de LULA LADRÃO, ladro, ladino, lampeiro, larápio, lazarento, ledor, leviano, livre, lombriguento, lúdrico, ludibrioso, luxento, loroteiro. 

M de MÉRICA, Mérica: as estórias de Nanetto Pipetta: far la Mèrica, per far fortuna! Money, meritocracia, milharal, milhobrator, mesa farta. 

N de NIÓBIO. A vantagem em relação ao ouro são as cores variadas e ninguém tem reação alérgica. O Vale do Nióbio será a salvação da pátria!! 

O de ORVALHO tem razão! O. de Farfalho, o filósofo dos filósofos, o mestre de todos nós. Obrigado, professor! Sem gratidão não há salvação!! 

P de PANDE... (pensou em pandemia, não é?) ...mônio. Preocupado com a Pandemia? O problema é o Pandemônio promovido pelos profetas do caos!! 

Q de tchau QUERIDA. Fora Dilma!!! Fora PT!!! Fora Manu! Nossa bandeira só será vermelha se for preciso sangue para mantê-la verde e amarela. 

Q de QUILOMBOLA. Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada, nem para procriadores servem mais. 

R de RUBEM Fonseca, pessoa conhecida que deixou vocês recentemente e vai me ajudar com meu próximo livro. As minhas condolências à família!! 

S de SAÚDE. O Dr. Manetta era preocupado só com a vida. É importante, mas o dinheiro é limitado. Entre um idoso e um jovem, vai salvar quem? 

T de TWITTER: era bom antigamente, com 140 caracteres. Agora é comunista, apaga meus posts, bloqueia meu perfil. Isso é CENSURA! #ForaDorsey 

Eu falo uuuuu e me processam. U de USA! America First! Blood and Soil! White Lives Matter! Hail Dump! Keep America Great! Fora Harry Potter! 

V de VAMOS fuzilar a petralhada de Polentawood!! Vamos botar esses picaretas para correr. Já que gostam do V de Venezuela, tem de ir pra lá. 

W de WOMEN: mulheres submissas aos maridos, como as imigrantes loiras, belas, recatadas e do lar que ajudaram a construir Polentawood. Viva! 

X de XIS. Não é saudável, mas tenho histórico de atleta. Xizón farto de delícias: xis polenta, xis fritas e pão com leite condensado. #xizou 

Y de YANKEES acima de tudo! A CNN americana me elogiou duas vezes como o "Dump of the Tropics". Isso vale mais do que qualquer Prêmio Açude. 

Z de ZANGUIZARRA promovida pelos professores comunistas das universidades e pelos jornalistas urubus da mídia tóxica globalista iluminati!!! 


Psicografia mecânica de Vittorio Pancetta, Ph²O
Vice-presidente do Conselho Naneditorial da Editora Prensa de Torresmos Cantina do Frei

Joanim Farofa & Pepe Caruncho
Da redação do Observatório Colonial, 4º andar

JOANIM PEPPERONI ENTREVISTA JOANIM PEPPERONI

Prestes a publicar o meu quarto livro neste sinistro ano de 2020, dirigi-me bem cedo até a Sala de Prensas do Observatório Colonial para...